segunda-feira, 17 de novembro de 2025


Rosana, o que é isso que você deixou na cômoda? — perguntou Paulo para a moça que ele conhecera em um bar na noite anterior.

É uma aliança de casamento. — respondeu a mulher.

Mas você não estava usando isso ontem. Por que não me contou que era casada?

— Você não me perguntou, apenas me seduziu e fez de tudo para me levar pra cama. Não que eu esteja reclamando...

Mas eu não saio com mulher casada.

— Não se preocupe, eu… o meu marido sabe.

— Ou está mentindo, ou vocês são um casal doente.

— Tá, vou te contar a verdade. Eu sou o marido. Meu nome é Mateus, e eu e a Rosana trocamos de corpo como forma de terapia de casal. Como ficou evidente, isso não está funcionando.

Você tá brincando, né? Então quer dizer que, para salvar o casamento, troca de corpo com ela e acaba transando com um desconhecido que encontrou num bar?

— Bem, esse não era o meu plano. Tivemos uma briga feia ontem, quando achei mensagens do ex dela no celular. Então fui até aquele bar beber, esfriar a cabeça. Só não me dei conta de que mulher sozinha nesses lugares é vista como alguém procurando companhia.

— Claro que é assim. E por que não me avisou?

— Você chegou todo simpático, começou a pagar minhas bebidas. No começo pensei em tirar vantagem, depois passei a gostar da companhia. Estava adorando nossa conversa e a coisa foi esquentando. Quando percebi, já estava no seu carro, entrando neste motel.

— Mas e agora? Vai contar que traiu a Rosana no corpo dela?

— Claro que sim.

— Isso vai acabar de vez com o casamento.

— Talvez. Mas, de qualquer modo, agora a única forma de continuarmos casados é a Rosana concordar em manter essa troca permanentemente. Caso contrário, vou me divorciar e procurar uma mulher que queira trocar definitivamente. Quem sabe depois disso a gente possa se ver novamente.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025


O senhor Giovanni vai surtar quando me vir. Vai ser repulsivo, mas é o único caminho para conseguir o que eu quero.


Seis meses atrás, meu nome era Murilo. Eu era homem, grande e forte, o que me ajudou a subir rápido na organização criminosa. Comecei como cobrador de dívidas: bastava eu aparecer, e os devedores, apavorados com meu tamanho, pagavam na hora — e ainda agradeciam por eu não ter quebrado nada.


Tudo corria bem até eu me envolver com a namorada do chefe. Ele descobriu, mandou me matar. Antes, ordenou que cortassem meu pênis.

Eu jazia na rua, sangrando até a morte, quando uma velha cigana me encontrou. Ela me levou para casa, usou poções e feitiços para me salvar. Mas precisava de energia sexual para ancorar a magia. Sem o órgão masculino, ela ativou e expandiu minha polaridade feminina.

Funcionou. Sobrevivi. O preço: virei mulher. Completamente.

Agora quero vingança. Mas sou pequena, frágil. Qualquer capanga me derruba. Não há como enfrentar os seguranças de Giovanni cara a cara. Preciso me aproximar, pegá-lo sozinho, desprevenido. A única porta de entrada é a boate dele — como uma das garotas.

Com este corpo, vão me contratar na hora. Mas terei de dormir com os capangas, um por um, até chegar ao chefe. Vou odiar cada segundo. Ainda assim, farei. Por ele merecer.


Droga. Justo agora o Fernando me convidou para jantar. Meu vizinho. Ele não sabe de nada do meu passado. Desde a mudança, tem sido gentil, atencioso. Estou gostando dele. Acho o rapaz lindo. A cigana avisou: “Seu coração agora é de mulher.”

Tenho medo do que pode rolar entre nós. Mas, antes de mergulhar de volta naquele inferno, talvez eu mereça uma noite de paz.



Saí com o Fernando acreditando que seria a primeira e última vez. Acabou sendo o começo de tudo.

Foi como se os problemas desaparecessem. Pela primeira vez desde o pesadelo, eu respirava sem peso. A vingança, que antes era o meu foco, foi sendo posta de lado. Adiei um dia. Depois outro. Até que parei de contar.

A gente se apaixonou e hoje somos namorados. Ele cuida de mim e me trata como princesa fora da cama; dentro, me toma como se eu fosse uma puta. E eu amo. Não consigo nem imaginar outra pessoa me tocando. Pela primeira vez na vida, sei o que é estar apaixonado de verdade.

Um ano se passou. A ideia de voltar à boate e cortar a gargante do Giovanni, parece algo distante. De qualquer modo não importa mais: soube que ele foi morto. Traído pelos próprios capangas. A justiça foi feita.

Não precisei sujar as minhas mãos. Nem abrir mão da vida maravilhosa que tenho agora.

Às vezes, no silêncio depois do amor, Fernando me abraça e pergunta se estou bem. Eu sorrio. Estou mais do que bem.

Estou finalmente em casa.



 


terça-feira, 11 de novembro de 2025

 


Foi tudo muito rápido. Tive de agir sem pensar muito, ou minha vida seria bem curta.

Do meu escritório, vi a polícia cercando o prédio pelas câmeras — não tinha muito tempo. Eu logo seria preso por lavagem de dinheiro e, provavelmente, morto na cadeia a pedido da máfia para a qual trabalhava, em uma típica queima de arquivo.

Fui até o armário, onde havia uma dose da droga feminilizante instantânea. O engraçado é que, quando a contrabandeei da China, minha ideia era usá-la para me vingar da minha ex-mulher, transformando o atual marido dela em uma garota. Nunca imaginei usá-la em mim mesmo.

Tomei a droga e, enquanto ela fazia efeito e meu corpo mudava, arrombei o armário da minha secretária. Sabia que ela guardava roupas de balada ali, para o caso de decidir ir direto do escritório para alguma festa.

Por sorte, havia tudo o que eu precisava: um vestido, sapatos, maquiagem e até lingerie — esta última, bem sensual.

O vestido ficou superjusto, pois acabei ganhando mais curvas do que a garota. Minha bunda e meus peitos eram bem grandes.

Saí do prédio e passei pelos guardas, que estavam se preparando para invadir. Um deles entrou na minha frente e quase tive um infarto, achando que havia sido descoberto. Mas o rapaz apenas sorriu e abriu a porta para mim.

Desci as escadas da frente do prédio me segurando. Andar de salto pela primeira vez, além de difícil, era perigoso numa escadaria como aquela.

Na calçada, sem eu pedir, um táxi parou oferecendo seus serviços.

— Pra onde, moça? — perguntou ele.

Aquela era uma boa pergunta, pois provavelmente a polícia estaria no meu apartamento.

— Já sei. Golden Party, né? Vestida assim, só pode estar indo pra lá — disse o motorista.

— S-Sim. Isso mesmo.

Naquele momento, parecia uma boa opção: ficar na festa até o dia seguinte, quando a polícia já teria ido embora da minha casa.

Eu pretendia ficar na minha, mas, sendo agora mulher e com aquele corpão, isso não seria fácil. Os homens vinham pra cima, pagavam bebidas e me davam cantadas. Depois de um tempo, relaxei, passei a achar aquilo engraçado e vantajoso — poder beber de graça.

Só que o álcool me fez baixar a guarda. Acabei indo para a pista de dança, beijando um homem e terminando a noite num motel com ele.

No dia seguinte, caí na real e me dei conta de que minha vida nunca mais seria a mesma. A droga era de efeito permanente, mas, como eu disse antes, não tive muito tempo para pensar.

Eu estava livre da justiça e do crime organizado, mas seria mulher para sempre.



Se não fosse o meu trágico destino, eu não estaria ao lado delas — e ainda seria um homem.

Eu frequentava academia, era grande e fazia sucesso com as mulheres. Mas um dia, voltando da balada na minha moto, um acidente terrível aconteceu. Meu corpo, de modo geral, sofreu apenas arranhões, mas meus testículos e pênis foram gravemente danificados. Os médicos conseguiram salvar uma parte, mas dias depois uma infecção levou o resto, deixando um vazio entre minhas pernas.

Depois de me recuperar, tentei voltar à vida normal. Mas um dia, trocando de roupas na academia, sem querer deixei os rapazes verem meu corpo. As caras de espanto e as perguntas que fizeram me deixaram completamente desconcertado.

Fiquei meses sem sair de casa, pensando em como viveria dali para frente. Nesse período, parei de tomar a testosterona, necessária porque eu não tinha mais os testículos.

A falta do hormônio masculino fez meu corpo mudar, se tornar mais feminino. Então, me olhando no espelho, decidi: não era mais um homem, então o melhor seria virar uma mulher de vez.

Os médicos usaram uma técnica nova, com tecido dos intestinos para construir minha vagina. Explicaram que uma das vantagens seria a lubrificação natural — o que, naquele momento, não me interessava. Nunca considerei fazer sexo como mulher. Só queria ser “normal”.

Com o tempo, voltei a frequentar a academia, agora usando leggings e tops. Não tinha mais nada a esconder.

As garotas de lá viraram minhas amigas. Para elas, eu era uma menina tímida que precisava de uns toques das mais experientes. Praticamente me adotaram, ensinando tudo o que eu precisava saber: exercícios, roupas, tratamentos e comportamento. Logo, eu era como elas, e tudo começou a mudar.

Voltei a ter autoestima, a gostar do meu novo corpo e de ser mulher. Comecei a sair à noite e nos finais de semana. E, ao contrário do que imaginava, ter uma vagina que se lubrifica naturalmente se tornou uma grande vantagem. Bastou dar uma chance, experimentar o sexo com homens, para que eu ficasse viciada nisso.

Apesar de nunca ter planijado nada disso eu acabei me tornando uma delas, e hoje amo ser assim.



-Boa tarde Sr. Luis. Eu sou da empresa que produz a pele de mulher que está usando. Gostaria de sabe se está satisfeito com o nosso produto.

-Olha moço, estou prestes a testar com a ajuda de dois amigos. Por favor, volte amanhã de manhã, então poderei responder quanto a minha satisfação.