Nesta foto estou eu com dois amigos de infância. O curioso é que eu não deveria estar de biquíni entre eles, mas sim de farda, segurando um fuzil. Esse nunca foi o meu plano. Virar mulher não era o meu objetivo… mas aqui estou eu.
Tudo começou no início do conflito entre o nosso país e um vizinho, quando todos os homens em idade militar foram obrigados a se alistar.
Eu tinha pavor da ideia de morrer em um campo de batalha. Então procurei uma saída e descobri que as transexuais não seriam convocadas.
Pedi ajuda a uma amiga e passei por um processo rápido: depilação, tratamento de pele, dicas de comportamento.
Quando me apresentei, atuei como se fosse realmente uma trans, e o oficial acreditou — mas avisou que eu só estaria liberado com um laudo médico comprovando a transição.
Entrei em pânico. Sem o documento, poderia ser preso e depois jogado direto no front.
Corri para um hospital público especializado e consegui convencer a psicóloga de que meu sonho era ser mulher. Fiquei aliviado quando ela informou que enviariam o comprovante, mas percebi certa desconfiança: ela disse que eu seria acompanhado semanalmente e, caso não seguisse os tratamentos, o exército seria avisado.
Sem escapatória, iniciei de fato o processo. A eletrólise removeu meus pelos, os hormônios me deram seios, curvas e acabaram com meus músculos.
O mais estranho é que percebi que estava gostando da mudança. Passei a apreciar ver meu corpo cada vez mais feminino, a me produzir, me sentir bonita, chamar atenção nas ruas.
Com o tempo, operei. Fiz a cirurgia de redesignação sexual. Acabei trabalhando em uma boate, onde, por coincidência, muitos soldados que voltavam do front se reuniam para esquecer a guerra por algumas horas.
De certa forma, mesmo sem farda nem armas, eu também ajudava na guerra — oferecia um pouco de conforto e alívio àqueles homens exaustos.
Foi assim que reencontrei meus velhos amigos. Eles não me reconheceram. Pagaram-me algumas bebidas e me convidaram para uma noitada a três.
Pensei em revelar quem eu era, mas acabei sorrindo e aceitando a proposta. Afinal, uma garota também precisa cumprir com seu dever com a nação, não é mesmo?
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