Eu me sentia culpado. Tinha 32 anos, estava desempregado e morava com minha irmã mais nova, Cássia.
Para piorar, a vida dela também não estava fácil. Passava por problemas no trabalho e com o namorado, Fernando. Eu não podia fazer nada para ajudar, e isso me deixava profundamente triste.
Até que um dia, caminhando pela rua, encontrei uma moeda estranha. Parecia antiga, e havia uma inscrição nela dizendo para fazer um pedido. Segurei firme e pedi para poder ajudar minha irmã, tirar o peso das costas dela — e, ao mesmo tempo, poder voltar a trabalhar. Ao abrir a mão, não entendi o que havia acontecido: a moeda simplesmente havia desaparecido.
No dia seguinte, ao acordar, percebi algo estranho. Eu não estava mais no sofá da sala, como de costume, mas em um quarto. Toquei as roupas e senti o tecido fino e delicado de uma camisola. Saltei da cama e, ao olhar no espelho da parede, entrei em pânico: o reflexo mostrava minha irmã, de camisola e com expressão confusa. Mas era eu. Eu estava no corpo da Cássia.
Fui até a sala e vi... a mim mesmo. Ou melhor, aquele que era meu corpo, igualmente assustado. Cássia agora estava nele e também não entendia o que estava acontecendo. Havíamos trocado de corpos.
Depois de muita discussão e sem ideia de como desfazer aquilo, decidimos que o melhor seria não contar a ninguém e seguir com a vida um do outro. Talvez, com o tempo, tudo voltasse ao normal.
Para mim, foi bem difícil no começo. Precisava aprender a me arrumar, me comportar como mulher e, além disso, assumir o trabalho dela como secretária. Mas, com o tempo, fui pegando o jeito. O lado bom é que consegui impressionar o chefe da Cássia, por ser mais eficiente em algumas tarefas, especialmente as ligadas à informática — minha área de atuação antes da troca. Logo fui promovida e recebi um aumento de salário.
Cássia, por outro lado, também se virou. Conseguiu um novo emprego. Ela nunca me contou os detalhes, mas pelo novo amigo com quem vive saindo, parece que se tornou um homem gay — e o tal amigo é, na verdade, seu namorado. Não me incomodo com isso; afinal, é o corpo e a vida dela agora. Só desejo que seja feliz.
Quanto à vida afetiva, terminei o namoro com Fernando logo depois da mudança. Mas ele continuava me ligando, insistindo para sairmos. Um dia, resolvi aceitar.
Terminamos a noite no apartamento dele, onde experimentei o prazer feminino pela primeira vez — algo indescritível. A partir daquele dia, voltamos a namorar.
Já se passaram dois anos. Cássia se mudou e agora moro sozinha — mas não por muito tempo. Eu e Fernando pretendemos nos casar e ter muitos filhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário