Ana me pediu para posar para uma foto. Sem jeito, tentei fazer uma pose. Ela bateu a foto e, em seguida, me abraçou, dizendo que eu estava muito linda. Nos braços dela, percebi o quanto meu corpo estava pequeno agora. Tinha ficado menor do que o dela — numa briga, eu certamente sairia perdendo.
Havia amor entre nós, mas não o mesmo de antes. Agora era algo mais... como o de duas amigas.
— Obrigada por ter aceitado o meu convite. Você sabe como este dia é importante pra mim — disse Ana, com ternura.
— Eu não perderia isso por nada. Agora para de falar assim ou eu vou chorar e estragar a maquiagem — respondi, lutando para conter as lágrimas.
Era o casamento da Ana. O plano, algum tempo atrás, era que eu seria o noivo — não uma das damas de honra.
Mas tudo mudou quando, tentando levantar dinheiro "fácil", me inscrevi para o teste de uma nova droga experimental.
Quando os efeitos colaterais começaram a surgir, já não havia nada que pudessem fazer. Meu corpo começou a mudar, dia após dia, até que, por fim, deixei de ser um homem e me tornei uma mulher completa.
— Agora é melhor você descer — disse Ana. — O Tiago já deve estar chegando pra te levar até a igreja. Sabia que vocês dois formam um belo casal?
— Para com isso, Ana. Ele é só meu amigo.
Eu não queria admitir, mas desde que aceitei o fato de que me tornei uma mulher, certos pensamentos têm me envergonhado.
Como o que acabei de ter agora: uma cena em que, num futuro não tão distante, é Ana quem será minha dama de honra — e eu, vestida de noiva, pronta para encontrar Tiago no altar.
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