sexta-feira, 21 de novembro de 2025



Quem vê nossas fotos hoje pensa: “Puxa, que casal bonito!”. Mas as coisas eram bem diferentes pouco tempo atrás. Eu era um homem.

Meu nome era Adriano. Certo dia minha irmã me pediu um favor. Ricardo, o melhor amigo do namorado dela, estava passando por uma fase muito difícil: havia perdido a mãe fazia um ano e, agora, a namorada tinha terminado com ele. O rapaz estava deprimido, e ela marcou um jantar em que levaria uma amiga.

O problema foi que a amiga desmarcou na última hora e ela não encontrou outra garota para substituí-la. Foi então que minha irmã me fez uma proposta que, a princípio, achei que era piada: pediu que eu fosse ao jantar com eles… como mulher!

Claro que recusei na hora e disse que, mesmo se topasse, ia ficar ridículo de garota. Então ela propôs uma aposta: se ela conseguisse me deixar convincente como mulher, eu iria; caso contrário, passaria o carro que ganhara de presente do namorado para o meu nome. Nessas condições, aceitei.

Depois de horas de preparação, me olhei no espelho e descobri que tinha perdido. Eu realmente parecia uma garota.

Tive que ir ao jantar. Para minha surpresa, não foi tão ruim assim. Tanto o namorado da minha irmã quanto Ricardo tinham muito dinheiro e nos levaram a um restaurante onde eu nem ousaria passar pela porta.

Além disso, a companhia foi ótima. Ricardo não parecia nada deprimido; pelo contrário, ria, contava histórias e fazia piadas. Me fez rir muito e disse que eu tinha um sorriso lindo. Nunca ninguém tinha falado algo assim comigo, muito menos me tratado daquele jeito.

A noite terminou e voltamos para casa. No dia seguinte, Ricardo ligou agradecendo e pedindo para nos vermos de novo. Disse que não seria possível. Ele não insistiu, mas ficou visivelmente triste.

Dias depois, minha irmã me procurou nervosa. Ricardo estava novamente em depressão, e todos temiam que ele fizesse alguma besteira. Segundo ela, só havia uma pessoa capaz de ajudá-lo: a “Adriana”.

Não foi difícil me convencer dessa vez, pois eu também estava preocupado com ele. Depois que ela me arrumou, fui ao encontro.

Ricardo ficou feliz em me ver. Almoçamos e, em certo momento, contei toda a verdade. Ele ficou chocado no início, mas logo me pediu algo que eu jamais esperaria: que eu continuasse me encontrando com ele como Adriana, só por mais algumas vezes, até ele se reerguer. Não sei se foi pena ou se já gostava dele, mas aceitei.

Começamos a sair, e o que seria por pouco tempo foi se prolongando. Logo eu já não precisava mais da ajuda da minha irmã para me arrumar; na verdade, fiquei melhor nisso do que ela.

Íamos a jantares, viagens, e ele me enchia de presentes. Eu já gostava quando Ricardo pegava na minha mão ou me segurava pela cintura. Mas quando rolou o primeiro beijo, senti que era muito forte. Estávamos apaixonados.

Eu vivia confuso e com vergonha, tanto dos outros quanto dele, porque eu não era de fato uma mulher. Me sentia uma mentira.

Um dia ele disse que tinha uma surpresa. Me levou de carro até um prédio enorme e muito chique. Ao entrar, descobri que era uma clínica particular, daquelas que só a elite tem acesso.

Fizeram exames e o médico começou a me perguntar quais medidas eu acharia ideais. Só aí caiu a ficha: não eram exames de rotina, era a preparação para uma transformação física completa. Olhei para Ricardo de boca aberta, sem saber o que dizer, e ele apenas sorria.

Fiquei semanas internado. Quando saí, Adriana não era mais um disfarce. Mudaram praticamente tudo no meu corpo, com tecnologias que, segundo eles, só estarão disponíveis ao público daqui a dez anos.

Agora aqui estou eu. Amo minha nova identidade, meu corpo e meu noivo. Sim, somos um lindo casal!

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