Já é o quarto dia desde que comi o fruto da árvore proibida.
Os índios que contratei para me guiar nesta expedição me avisaram várias vezes, mas achei que era só superstição idiota. Além do mais, o fruto parecia irresistível, suculento.
Segundo eles, apenas as mulheres da tribo tinham permissão para comê-lo. Se um homem ousasse tocar nele, deixaria de ser guerreiro para sempre.
Nas primeiras horas depois de engolir aquela polpa doce, já me senti mais fraco. Ao fim do primeiro dia o corpo começou a mudar e a transformação só acelera. Meus músculos desaparecem, os quadris se alargam, os seios incham doloridos sob a camisa quase arrebentando os botões. Estou virando uma mulher completa.
Dizem que existe outra árvore, lá no coração da floresta, cujo fruto faz o oposto: transforma mulher em guerreiro. Acho que se eu comer dela tudo volta ao normal. Mas o tempo está contra mim.
Na tribo a função da mulher é pertencer a um homem, cuidar da oca e fazer um monte de filhos. Ainda conservo meu pênis, mas ele agora é ridiculamente pequeno, uma coisinha encolhida e sensível que não consegue endurecer. Logo ele vai sumir de vez e, no lugar, vai se abrir minha vagina. Quando isso acontecer, deixo de ser respeitado. Passo a ser cobiçada.
Os guerreiros já me olham diferente. Me cercam quando faço xixi, espiando entre minhas pernas para ver até onde a mudança chegou. Ontem um deles, o mais alto e forte, veio urinar ao meu lado. Tirou o pênis enorme para fora, grosso, pesado. Olhou para mim e sorriu.
— Tá gostando da vista? — perguntou, segurando aquele troço.
Eu não respondi. Fiquei paralisado.
Ele deu uma risada grave e disse:
— Logo vou usar isso em você. Quando você virar mulher de verdade, eu te pego. Você vai ser minha.
Saí correndo, as pernas tremendo, enquanto a risada dele ecoava atrás de mim.
Preciso encontrar essa outra árvore antes que seja tarde. Antes que a transformação termine. Porque se eu não conseguir nunca mais saio desta floresta e nunca mais volto a ser homem. Vou virar esposa de um deles: submissa, de pernas abertas todas as noites, cozinhando, carregando filhos na barriga, gemendo embaixo de um guerreiro enquanto ele me enche até eu esquecer que um dia já fui homem.
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