"Minha mulher vai me matar!" – pensou Rogério, parado à porta de casa.
O procedimento de mudança física através do uso de nano-máquinas havia se tornado algo comum. Com ele, era possível transformar completamente o corpo de uma pessoa, de dentro para fora.
Logo, a tecnologia começou a ser usada pela justiça em casos de racismo e assédio sexual. Dependendo da decisão do juiz, a pessoa condenada poderia, em vez de cumprir pena na prisão, ser transformada naquilo que havia ofendido.
Rogério fez uma brincadeira com uma colega de trabalho. Ela não gostou e o processou. O que parecia uma bobagem se tornou um enorme problema, e ele acabou condenado a viver como mulher por um ano.
Para garantir que não tentaria disfarçar as mudanças, parte da pena exigia que se vestisse e se comportasse como uma mulher. Só poderia usar roupas femininas, manter os cabelos e unhas compridos, entre outras exigências.
Do momento em que saiu da clínica até chegar em casa, Rogério já percebeu que não seria fácil se acostumar. Morreu de vergonha ao ser abordado por um homem insistente, que queria saber seu nome e telefone.
Agora, hesitava em entrar. Como encarar a esposa? No entanto, havia um problema mais urgente: sua nova bexiga feminina estava cheia. Se não entrasse logo para usar o banheiro, faria xixi na calcinha.
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