segunda-feira, 23 de setembro de 2024


Desde a infância, apesar de morar na cidade grande, eu passava as férias no sítio da família. Lá, conheci uma amiga chamada Jacira, filha de uma família que vivia perto da nossa propriedade.

Jacira sempre foi como um moleque. Gostava de jogar bola, pescar, caçar, e odiava atividades consideradas "coisas de menina". Uma vez, ela me confidenciou que desejava ter nascido homem, e, para consolá-la, eu dizia que ser mulher não parecia ser tão ruim assim. Ela, com o rosto sério, respondeu que um dia encontraria uma maneira de trocar de lugar comigo.

Anos se passaram. Fui para a faculdade e, durante esse tempo, deixei de visitar o sítio. Quando finalmente resolvi passar uns dias lá, reencontrei Jacira. Ela havia crescido, se transformado em uma mulher fisicamente, mas seu jeito de moleque permanecia inalterado.

Depois de relembrarmos o passado, Jacira fez uma expressão triste. Quando perguntei o que estava acontecendo, ela me contou que sua família a estava pressionando para se casar com o filho de um fazendeiro local.

Ao ouvir isso, eu disse que gostaria de poder ajudá-la. Foi então que ela me lembrou da promessa que fizemos na infância, sobre trocarmos de corpos. Jacira revelou que havia comprado uma poção de uma curandeira que vivia no mato, e que, com essa poção, poderíamos realmente trocar de corpos.

O que ninguém sabia é que, em segredo, eu sempre desejei ser uma garota. Por isso, mesmo sem acreditar que funcionaria, aceitei a proposta. Esperamos até a próxima lua cheia, quando deveríamos beber a poção e nos deitar lado a lado.

Lembro-me de acordar com a visão embaçada. Quando finalmente consegui enxergar, vi meu próprio corpo à minha frente, me olhando com espanto. Olhei para minhas mãos pequenas, depois para o volume dos seios em meu peito, e, por fim, toquei entre minhas pernas, confirmando que tinha funcionado. Eu estava no corpo de Jacira, e ela no meu!

Me despedi de Jacira e daquele que fora o meu corpo. Então fui para a casa dela. Era estranho ver os pais dela me tratando de forma normal, sem saber que eu não era ralmente a filha deles. Fui para o chuveiro onde pude examinar e tocar cada parte do meu novo corpo. Era tudo maravilhoso.

Depois de um banho, fui procurar algo para vestir. No fundo do armário, atrás das roupas masculinas que Jacira usava, encontrei um vestido. Mais tarde descobri que foi comprado por sua mãe, numa tentativa de fazê-la usar roupas femininas. A senhora chorou ao me ver nele, e prometi a ela que, dali em diante, usaria apenas roupas de mulher.

Alguns dias depois, durante um passeio pelo campo, encontrei Juvenal, o noivo de Jacira – agora, o meu noivo. Ele era um rapaz jovem, alto e bronzeado pelo sol do campo. Fiquei encantada quando ele elogiou minha aparência, dizendo que eu estava linda. Conversamos bastante, e logo percebi que eu gostava dele. Por fim, nos beijamos, e foi uma sensação incrível.

Tudo aquilo parecia um sonho. Eu de um cara da cidade, havia me tornado uma moça do campo, e ainda por cima estava apaixonada por aquele que em breve seria o meu marido

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