Fernando e Douglas começaram a dar pequenos golpes e furtos. Até que um dia, Douglas teve a ideia de tentar algo maior: roubar a casa de um milionário. Quando se rouba uma pessoa qualquer, as autoridades não dão muita atenção. Já quando você mexe com alguém de poder e dinheiro, a coisa é diferente.
Os dois foram presos e estavam sendo transportados para uma nova unidade de correção, quando Douglas disse:
- Fernando, na próxima parada pedimos para ir ao banheiro. Eu achei um grampo de cabelo no chão e peguei sem o guarda notar. Quando eu estiver no vaso, vou tirar as algemas, bater no guarda e então fugimos, ok?
- Não, Douglas - disse Fernando. - Estou cansado desta vida, de ter de fugir. Vou pagar pelo que fiz e recomeçar do zero.
Vendo que o amigo desistira, Douglas seguiu seu plano sozinho e escapou. Meses depois, Douglas conseguiu descobrir onde Fernando estava preso e resolveu resgatar o companheiro. Ele se sentia culpado pelo que acontecera e também queria de volta o comparsa para continuar com a vida de crimes.
Certa noite, usando um disfarce, ele entrou na instalação e, checando os arquivos, soube o número do quarto do colega. Mas ao invadir o quarto, o rapaz teve uma surpresa, pois ao invés do amigo, havia uma mulher ali. Quando ia continuar sua busca, a garota disse:
- Douglas?
- Sim. Como sabe meu nome?
- Douglas, sou eu, o Fernando!
Douglas ficou confuso, mas ao reparar com mais atenção nos traços dela, notou a semelhança de seu rosto com o do amigo. Era a mesma face, mas agora bem mais delicada e feminina.
- Não pode ser! Fernando, é mesmo você? Mas como?
- Bem, esta unidade tem um programa novo para reabilitação de criminosos. Eles nos dão uma chance de recomeçar com a ficha limpa, como outra pessoa. Me ofereceram, dizendo que eu era um candidato perfeito, e aceitei.
- Mas você tá parecendo uma mulher!
- Não estou parecendo, eu sou uma agora dos pés à cabeça. Dizem que agora posso até ser mãe. Você acredita?
- Não acredito! Mas de qualquer forma, vista-se. Vou te tirar daqui esta noite.
- Puxa, veio aqui para me resgatar? Que fofo! Mas não, obrigada.
- Não? Como assim?
- Já estou livre há algumas semanas, e só continuo aqui porque querem fazer mais alguns exames para ter certeza de que tudo está funcionando direitinho em mim.
- Puxa, então... Acho que devo dizer adeus.
- Por enquanto, sim, meu amigo. Mas se um dia deixar a vida de crimes, venha me visitar. Estarei morando na casa daquela minha tia no interior.
- Caramba! Isso te aconteceu por minha culpa, e ainda quer ser meu amigo?
- Você nunca me forçou a fazer nada e sempre me protegeu. Sempre gostei de você, e agora então que sou mulher, eu... Bem, digamos que não quero ser só sua amiga.
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