domingo, 23 de novembro de 2025


— Não sei se a gente deveria fazer isso… — disse Jorge, hesitante.

— Por que não? — retrucou Carlos.


Dias antes, Jorge, Carlos e Bruno tinham invadido uma casa que parecia abandonada, atrás de qualquer coisa de valor. Mal começaram a mexer nas coisas e, do nada, o dono apareceu: um homem enorme, barbudo, vestindo roupas estranhas que pareciam saídas de outro século.


— Vamos pegar ele! — gritou Carlos. — Somos três contra um!

— Mesmo? — respondeu o homem, com um sorriso calmo. — E o que três garoas podem fazer?


Os três se entreolharam, confusos. Quando baixaram os olhos, viram duas meninas de cara assustada ao lado… e, ao olhar para si mesmos, perceberam que também eram mulheres. 


Carlos, mesmo assim, avançou furioso. O homem apenas esticou a mão aberta e o empurrou. Carlos caiu de bunda no chão, soltando um gritinho agudo de dor que ecoou pela casa.


Tentaram discutir, ameaçar, depois implorar para voltarem a ser homens. O sujeito ouviu tudo com tranquilidade e, por fim, falou:


— Vocês, meninas, vão trabalhar pra mim. Limpar a casa, cozinhar, lavar roupa e fazer tudo que eu mandar. Quando eu achar que merecem, desfaço a transformação.


E assim foi. As três passaram os dias seguintes esfregando chão, cozinhando almoço e jantar e, agora, estavam se preparando para cuidar do jardim.



— Jorge, se a gente não fizer o que ele manda, vamos continuar mulheres pra sempre — sussurrou Bruno.

— Sim, mas a gente nem sabe se esse cara vai cumprir a palavra. Pode levar anos. Podemos virar escravos pra sempre — respondeu Jorge.

— E o que você sugere, então? — perguntou Carlos, irritado.

— Vocês já repararam no que a gente virou? Somos mulheres bonitas e muito gostosas. Garotas assim têm muitas opções na vida.

— Tá sugerindo que a gente fique assim? — Disse Carlos indignado.

— Por que não? Eu, sinceramente, não tô achando tão ruim ser do outro sexo. Na verdade depois desses dias, tô vendo que é bem legal.

— Bom… eu também tô gostando, sabe… — confessou Bruno, corando e olhando pro chão.

— Vocês estão loucos! — explodiu Carlos. — Eu não vou continuar assim nem ferrando! Quero meu pau de volta! Quero ser homem outra vez!


Jorge deu de ombros, largou a enxada no chão e esticou o corpo.


— Então tá. “Bruna”, vamos até a padaria tomar uma cerveja gelada e decidir o que a gente faz da vida?

— Vamos! — respondeu Bruno, com um sorriso animado.


As duas saíram rebolando pelo portão enquanto Carlos ficava ali, de cara amarrada, olhando os antigos amigos se afastarem.


Segundos depois, ele jogou a ferramenta no chão e gritou:


— Ei! Esperem por mim, suas putas!


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