Carlos chegou do trabalho e sentou-se na beira da cama. Estava exausto de usar aquela cinta que esmagava sua cintura e criava curvas femininas. O sutiã com enchimentos puxava seus seios para o centro, formando o generoso decote que tanto chamava a atenção dos homens. O enchimento no bumbum, que parecia uma almofada quando ele se sentava, provocava reações dos machos pela rua. E os saltos... ah, os saltos que machucavam seus pés depois de horas de uso.
— Dia difícil, querido? — perguntou Rosana, sua esposa, ao entrar no quarto e encontrá-lo.
— Deu pra perceber? — respondeu Carlos, de forma irônica. — Não parei um minuto. Fiz de tudo: recebi visitantes de fora, elaborei relatórios e até fiz e servi café, como se fosse uma garçonete.
— Bem, se não tivesse brigado com seu chefe e perdido o emprego, não estaria nessa situação. Mas tem que agradecer ao meu ex-namorado, o Beto, por arranjar essa oportunidade — mesmo que tenha de se passar por mulher.
Carlos engoliu seco quando Rosana mencionou Roberto. Ele vinha o humilhando e provocando no trabalho. Pegava em sua cintura, chamava-o de gostosa e, naquele dia, chegara a lhe dar um tapinha no bumbum.
O que mais preocupava Carlos era o fato de, no fundo, estar começando a gostar daquele papel — de ser uma mulher, da submissão e das cantadas dos homens. Especialmente da forma como Beto o tratava.
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