sexta-feira, 5 de setembro de 2025

 


— Obrigado por terem aceitado esta troca de corpo temporária com a minha mulher. A terapia de casal definiu que era a única forma de salvar nosso casamento, e eu não faria isso se prejudicasse o meu trabalho.
— Claro, Edu. Hoje em dia a troca de corpos é normal, e você é um bom funcionário. Não teríamos por que nos opor, já que o que importa é aquilo que você faz, e não o que tem entre as pernas.
— Sim. Por falar nisso, estou com algumas dificuldades desde que troquei.
— Quais?
— Bem… parece que as pessoas agora não me levam tão a sério, mesmo sabendo que sou eu neste corpo. Me interrompem quando falo, e os homens fazem piadinhas. As mulheres me cobram, dizem que preciso me arrumar mais. Não acho que deveriam agir assim, sabendo que sou o Eduardo.
— Você tem que entender que, mesmo sabendo disso, quando olhamos para você vemos a Marcela. Aliás, isso me leva ao motivo de ter te chamado aqui. Essa insegurança está afetando sua posição como líder. Você não tem conseguido tomar decisões assertivas, nem se impor, especialmente diante dos subordinados homens.
— Sim, porque agora me sinto pequeno e fraco. Eles não me respeitam como antes, mas… o senhor está me demitindo?
— Não! Claro que não, Edu.
— Ufa! Fiquei assustado.
— Mas vamos te recolocar, enquanto estiver no corpo da sua esposa. A secretária do Jaime está de licença-maternidade, e você vai cobrir a posição dela.
— Como assim?… Não pode fazer isso! Não posso ser uma simples secretária — ainda mais do Jaime! O senhor sabe que nós nunca nos demos bem.
— Não estou discutindo, apenas te informando. A partir de segunda-feira, deve assumir seu novo posto. Aconselho que se prepare no fim de semana, pois como secretária terá de se vestir e se arrumar de acordo. Isso quer dizer saias, vestidos, salto alto, cabelo e maquiagem. Entendeu?
— Mas…
— E mais uma coisa: como mulher, você precisa sorrir mais. Ninguém gosta de uma garota de cara fechada. Pode ir agora, Marcela.
— …Sim, senhor.

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