sexta-feira, 15 de agosto de 2025



Estava eu andando pelo centro, pensando na vida e na minha situação. Divorciado, desempregado e sendo ameaçado pela ex-mulher, que estava prestes a me mandar para a cadeia por não pagar a pensão.


Quando, de repente, vi uma pobre senhora pedindo esmola em um canto da calçada. Vasculhei meus bolsos e tudo o que achei foi uma nota de dez reais. Minha última.


Pensei: “Para mim, não vai fazer diferença. Estou ferrado mesmo. Mas, para esta senhora, pode significar algo para colocar no estômago hoje.”

Me aproximei e dei a nota a ela.


A mulher sorriu e disse:

— Você é uma pessoa boa. Ninguém aqui nem sequer olhou para mim, mas você está me dando o último tostão que possui, Adriano.


— Não é nad... Ei! Como sabe o meu nome?


— Vou lhe conceder um desejo. Antes da meia-noite, pense naquilo que quer e será concedido.


Achei que a senhora era doida. Me virei para continuar o meu caminho, mas, quando olhei para trás, não havia ninguém ali. Era como se ela tivesse evaporado. Pensei se eu estaria finalmente surtando, ficando louco.


Minutos depois, vi um casal saindo de um prédio chique. O homem, de meia-idade, abriu a porta para sua linda mulher, e em seguida saíram com aquele carro superluxuoso.


Falei então para mim mesmo: “Puxa, eu queria ter aquilo.”

Naquele momento, levei um choque. Tudo ficou escuro e, quando comecei a recuperar a consciência, percebi que estava em um carro. Olhei para o lado e vi um homem. Era o mesmo que abrira a porta para a garota.


Confuso, olhei para minhas mãos — agora finas e delicadas, com unhas longas e pintadas. Depois, baixei o para-sol e, no espelho, vi o rosto da garota. Eu, de algum modo, estava no corpo dela.


A tal senhora havia dito a verdade. Mas, quando desejei “ter tudo aquilo”, sem perceber, eu ainda estava admirando a beleza da mulher. Decidi ficar quieto até saber como sair daquela situação.


Paramos na porta de um restaurante caríssimo. Descemos e ele me conduziu, segurando minha cintura fina.


Durante o jantar, ele disse:

— Por que está tão quieta, Jackeline? Já sei... é porque eu comprei o nosso barco, não é?


— B-barco?


— Sim. Você tem medo, mas garanto que um iate daquele tamanho é bastante seguro e estável. Mas, se quiser, eu posso desfazer o negócio e...


— Não. Podemos ficar com o barco.


— Que bom, amor! Acho que, por isso, vou te deixar escolher um carro novo. Pode ser aquela Lamborghini que você estava desejando.


— É... eu acho que pode ser... querido.


Naquele momento, pensei: “Bem, não é exatamente o que eu queria, mas está me parecendo uma vida bem legal.”

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