— Dona Andreia, posso falar com a senhora?
— Claro, Eduardo!— Olha, me disseram na entrevista que, se contratado, eu teria que usar a droga para troca de sexo… mas achei que não fosse obrigatório.
— Edu, essa droga é o carro-chefe da empresa. Todo funcionário precisa experimentá-la para conhecer os efeitos. Além disso, é só por um mês. Depois, você toma novamente e volta a ser homem.
— Mas é que… eu não quero ser mulher. Mesmo que por um curto período.
— Sinto muito, mas ou você faz isso, ou encerramos seu contrato. Não se preocupe, não é tão ruim. Pra falar a verdade… ser mulher é muito bom.
— Não deve ser pra senhora, que já nasceu assim… Desculpe, eu não quis dizer…
— Tudo bem. Mas você está enganado. Eu não nasci assim. Na verdade, quando a droga foi lançada e a empresa adotou essa política, eu era como você — e também não queria virar mulher.
— Quer dizer que…
— Sim. Meu nome era André. Depois de um mês como garota, eu não quis mais voltar a ser homem. Isso acontece até com certa frequência.
— Quer dizer que tem mais gente aqui que fez isso?
— Sabe a Gabriela? A recepcionista bonitinha que te atendeu? Ela era o motoboy da empresa.
— Puxa! Mas mesmo assim… não sei se tenho coragem de fazer isso.
— Vamos fazer o seguinte: você pensa bem até o fim de semana. Na segunda, me diz o que decidiu. Se não aceitar, estará fora. Mas, se aceitar, daremos todo o suporte que precisar. Daqui a um mês, ou você volta a ser homem, ou — se quiser — pode continuar como mulher. Que tal?
— Tá bem… Mas tenho certeza de que, mesmo se topar por um mês, não vou querer ficar assim definitivamente.
— Sério? Eu também pensava assim. Vamos ver…
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