Tudo começou em uma conversa de bar com um velho amigo, o Nestor. Depois de alguns drinks, ele contou que havia criado uma forma de trocar pessoas de corpos — e que estava procurando alguém de confiança para ser sua cobaia. Fiquei imediatamente interessado e me ofereci para isso.
O corpo de destino precisava ser de alguém que tivesse morrido recentemente e que apresentasse certas características que permitiriam trazê-lo de volta à vida.
Fizemos várias visitas ao necrotério do hospital onde ele trabalhava. Ele me mostrava vários homens — de tipos, raças e idades diferentes. Nenhum deles eu aceitava.
Numa dessas visitas, ao remover o lençol, Nestor comentou:
— Droga! Esses novatos fazem cada besteira... Este corpo está com a ficha errada. Desculpe, Bruno.
Mas, quando ele ia cobrir novamente o corpo, eu o fiz parar.
— Pode ser este — disse eu.
— Mas este corpo é... Tem certeza, Bruno?
— Sim. Na verdade, era isso que eu queria desde o começo, mas tinha vergonha de te falar. Por favor, me coloque nele.
Nestor entendeu, e seguimos com o plano.
Dias depois, acordei na clínica particular dele. Toquei meus cabelos, meu peito, minha virilha... e comecei a chorar de emoção. Eu era uma garota!
— Bem... e o que pretende fazer agora, "Jéssica"? Sabe que não pode ficar na cidade. Alguém pode reconhecer o corpo, e seria complicado explicar.
— Sei disso. Vou me mudar para uma cidade no litoral, arranjar um trabalho simples — como recepcionista, garçonete ou algo assim — que não exija fornecer referências nem passe por investigação.
— Boa ideia. Bem, boa sorte... e aproveite a nova vida, Jéssica
— Muito obrigada, doutor. Eu vou aproveitar mesmo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário