segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

 

Minha esposa Ana estava grávida, e de vez em quando brigávamos porque ela se queixava muito da gravidez: dos enjoos, desejos estranhos, peso da barriga, etc.

Fomos a uma terapeuta que recomendou uma experiência para melhorar o relacionamento: eu teria de usar uma barriga de grávida falsa por uma semana, para criar empatia pela situação de Ana. Recusei a princípio, mas a terapeuta acabou me convencendo.

Assim que a terapeuta fixou aquela peça enorme de silicone na minha barriga, senti-me muito estranho. Além do peso e de um mecanismo que aleatoriamente fazia movimentos, imitando um bebê chutando, a barriga vinha acompanhada de seios grandes e pesados para completar a experiência.

Minhas roupas não serviam mais, então ela me emprestou um vestido de grávida. Coloquei-o sabendo que precisaria ir apenas até a garagem. Era desconfortável, estranho e humilhante estar daquele jeito, mas como eu havia dado minha palavra, segui com o experimento.

Mas algo estranho começou a acontecer. Quanto mais eu usava aquilo, mais me sentia bem. Gostava de sentir uma vida se mexendo dentro de mim, mesmo que fosse falsa.

Arrisquei sair para fazer compras. Como o acordo era não tirar a peça, usei óculos escuros e um chapéu para disfarçar. Gostei do jeito como as pessoas me tratavam: algumas me deram os parabéns e, sem graça e disfarçando a voz, eu agradeci.

Estranhamente, comecei a ter alguns sintomas reais: desejos por comidas estranhas, enjoos e inchaço nas pernas e nos pés. Isso incomodava, mas ao mesmo tempo me deixava feliz. Era como se eu estivesse mesmo esperando um bebê.

A semana passou, e eu, meio triste, fui com minha esposa até a terapeuta, onde ela retiraria a barriga e falaríamos sobre o que eu havia aprendido.

Mas, para surpresa de todos, não havia o que retirar. A barriga era real, e um ultrassom mostrou que eu tinha um bebê de verdade crescendo dentro de mim.

Chorei de emoção enquanto minha esposa e a doutora tentavam entender o que havia acontecido. Então perguntei como seria o parto, e a médica disse que deveria ser cesariana, mas de repente parou e me examinou lá embaixo.

Momentos depois, vi-a tirar algo do meio das minhas pernas. Era uma espécie de cinta de silicone com um pênis e testículos. Com expressão perplexa, a médica disse que poderia ser parto natural. Da mesma forma que a barriga e os seios haviam se tornado reais, meus órgãos masculinos tinham se tornado falsos. Eu tinha agora uma vagina entre as pernas.

Prometeram-me uma explicação, mas no fundo eu nem precisava. Estava feliz daquele jeito, sendo uma mulher e esperando meu primeiro filho.

Eu e Ana dividimos tudo: as dores, os medos e as alegrias. Até que ambas entramos em trabalho de parto. Uma segurou a mão da outra, e depois de muito esforço e dor, tínhamos nossos bebês nos braços. O dela, um menino; o meu, uma linda menina.

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