Carlos tinha a musculação como hobby. Treinava pesado e, quando atingiu o limite do natural, começou a usar esteroides.
Depois de alguns meses, ficou doente. Os médicos levaram algum tempo, mas finalmente descobriram o motivo: seu corpo havia desenvolvido uma espécie de reação aos níveis elevados de testosterona.
A solução seria reduzir o hormônio de 1.200 para cerca de 15 ng/dL, valores semelhantes aos de uma mulher. O problema é que manter a testosterona tão baixa seria perigoso para a saúde de Carlos. Para compensar — protegendo o coração, mantendo o colesterol controlado e evitando a depressão — os médicos optaram por aumentar seus níveis de estrogênio. Sem hormônios masculinos suficientes, o corpo precisaria ser sustentado por hormônios femininos para continuar funcionando de forma saudável.
Com o tratamento, seu corpo começou a mudar rapidamente: a pele ficou mais macia, os cabelos mais finos, as curvas surgiram; o bumbum e os seios cresceram muito.
Para evitar estranhamento das pessoas, Carlos passou a usar roupas femininas e começou a se apresentar como Carla.
Com a ajuda de algumas amigas, aprendeu a se portar e a cuidar do corpo como uma mulher. Aprendeu rápido e logo já se vestia, arrumava o cabelo e fazia maquiagem como uma garota experiente.
Quando a licença médica terminou, Carla decidiu não voltar ao antigo emprego como gerente de marketing. Um amigo do trabalho fez então uma proposta: havia uma vaga para promotora de vendas e, olhando para o novo corpo de Carla, disse que ela seria perfeita para a função. Além disso, ela já tinha trabalhado na campanha do produto antes de adoecer e conhecia tudo sobre ele.
Carla aceitou. No começo ficou nervosa, esforçando-se para mostrar todo o seu conhecimento. Logo percebeu que o trabalho era mais fácil e compensador do que imaginava. Os homens se aproximavam atraídos por sua aparência, e ela aproveitava a oportunidade para usar sua experiência e fechar vendas — quase sempre com sucesso. Isso aumentou sua autoconfiança, e pouco a pouco Carla passou a gostar muito da nova função.
Achava curioso ver a expressão das outras mulheres quando seus namorados ou maridos não conseguiam evitar olhar para seu corpo feminino. O ciúme e a inveja delas faziam Carla se sentir orgulhosa e poderosa em sua nova forma.
Durante um tempo, ela evitou sair à noite por insegurança e vergonha do próprio corpo, ainda se adaptando às mudanças. Mas isso acabou um dia.
Um homem chamado Ivan a conheceu enquanto ela trabalhava. Ele voltou outras vezes até que, por fim, a convidou para sair. Carla quase jogou o bilhete com o telefone dele fora, mas numa sexta-feira em que se sentia sozinha e carente decidiu ligar.
Os dois saíram, se divertiram, e a noite terminou em beijos dentro do carro. Ivan levou um choque ao descobrir que Carla não era exatamente uma mulher — mas isso não o impediu de continuar vendo-a. O relacionamento cresceu, e eles começaram a namorar.
Mais tarde, Carla decidiu realizar a cirurgia e se tornar uma mulher completa. Após a recuperação, marcaram o casamento.
Foi uma longa jornada, mas, ao olhar para trás, Carla não se arrependia de nada. Amava ser mulher e estava profundamente apaixonada por seu marido.
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