— Mãe, eu tô ridículo vestido assim!
— Que nada, Miguel. Você ficou uma mulher linda!— Mas eu não sou mulher! Não sei por que deixei a senhora fazer isso comigo. Este vestido, maquiagem, a peruca... Onde eu estava com a cabeça? Eu sou homem!
— Homem? Quantos homens você conhece que falam com voz fina como a sua? Quantos têm bumbum grande e, principalmente, seios do tamanho dos seus?
— Eu sei disso, mas não entendo. Desde o divórcio e que eu me mudei para cá, meu corpo começou a ficar estranho. No começo achei que estava engordando por causa da sua comida, mas agora... a senhora tem algo a ver com minha mudança?
— Não vai querer me culpar por isso, vai? Assim como me culpou quando era criança e seu pai nos abandonou. Por isso eu passei a odiar os homens, e sempre te disse que queria que tivesse nascido menina.
— Não estou culpando a senhora pelo meu problema, mas, ao invés de ajudar, só piorou as coisas. Tem comprado roupas cada vez mais femininas, fica corrigindo o jeito que eu falo, ando e como me sento. Até me chama de Michele ao invés do meu nome.
— É tudo para te ajudar. Eu não te levei no meu médico?
— Sim, aquele amigo seu que tem me dado injeções e que parecem ter piorado as coisas?
— Chega, Michele! Pare de colocar a culpa dos seus problemas nos outros. É melhor você descer, pois parece que o Ricardo chegou para o encontro de vocês.
— Não é um encontro! Só vamos sair para tomar uma cerveja.
— Que seja. Tome a sua bolsa. Já coloquei tudo o que pode precisar nela: sua carteira, maquiagem, perfume e um pacote de camisinhas.
— C-camisinhas?
— Nunca se sabe, né? E pode ficar tranquila com o horário. Sei que ele é um bom rapaz e vai cuidar de você. Divirta-se, minha filha.
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