Erik fitava o corpo sobre a mesa, consciente de que, se tudo desse certo, da próxima vez que a visse seria refletida em um espelho.
Confiava no sucesso de sua pesquisa, mas precisava de dinheiro para levá-la adiante. Sem conseguir investidores, acabou recorrendo a gente barra-pesada. Agora, com o prazo vencido para devolver o dinheiro, sabia que viriam acabar com ele. Sua única saída era que, quando chegassem ao laboratório, encontrassem apenas o corpo dele sem vida. Enquanto isso, ele já estaria longe dali como outra pessoa.
Procurou em todos os necrotérios que conhecia, mas o único corpo em condições era o de uma jovem garota. Assim, a única alternativa a ter uma morte horrível nas mãos dos capangas do agiota seria se tornar uma mulher.
-Tudo bem Jéssica?-Disse o homem tocando suavemente os cabelos de Erik.
Erik estava longe, tendo um flashback do passado recente. Lembrando do dia em que tomou a decisão que mudou radicalmente sua vida. O dia em que se tornou uma garota.
-Sim querido. Estava apenas relembrando do passado.
-Não estava pensando em um homem, estava?
-De certo modo sim. Mas ele... ele já morreu.
-Puxa, desculpe. Sinto muito.
-Não tem problema. Eu já superei isso.
-Nossa, você sempre surpreende. É linda, inteligente, forte, e mais algumas coisinhas...
-O que mais?
— …tem muito tesão e é incrível na cama! — respondeu o homem antes de beijar “Jéssica”.
Erik sentiu a resposta imediata de seu novo corpo feminino.
Desde a primeira experiência sexual como mulher, descobriu que o prazer agora era dezenas de vezes mais intenso.
Desde então, estava sempre disposto a transar e a experimentar coisas novas.
Quando o rapaz com quem saía lhe pediu em namoro, aceitou sem hesitar.
A ideia inicial de continuar a pesquisa e, um dia, voltar a um corpo masculino foi deixada de lado. Erik estava feliz como Jéssica — e não queria uma vida diferente.
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