Rodrigo caminhava com Tony pela beira da praia.
—O pôr do sol está lindo, não é mesmo? —perguntou Tony.
—Sim, muito —respondeu Rodrigo, ainda estranhando ouvir a voz de Carol saindo de sua boca.
Já fazia duas semanas desde que, durante uma experiência de viagem fora do corpo, Rodrigo e Carol haviam trocado de lugar. Tentaram destrocar várias vezes, mas sem sucesso. Então, uma pessoa experiente sugeriu que esperassem até a próxima lua cheia para tentar novamente.
Isso aconteceu pouco antes de uma viagem que Carol faria com o namorado à praia. Ela pediu a Rodrigo que fingisse ser ela. Não queria que pensassem que estava louca, muito menos afastar Tony. Rodrigo, meio contrariado, concordou.
Em determinado momento, Rodrigo não entendeu quando Tony, de repente, ficou de joelhos e tirou algo do bolso.
Só quando ouviu as palavras “Você aceita se casar comigo?” é que percebeu a enrascada em que estava.
Ele havia prometido manter a relação dela com Tony, e sabia que, se dissesse “não”, o rapaz poderia terminar tudo e nunca mais querer nada com Carol.
—Eu... sim! Sim, eu aceito me casar com você! —respondeu, com a voz trêmula.
Tony colocou o anel em seu dedo, depois a abraçou e lhe deu um longo beijo na boca.
Aquilo despertou algo naquele corpo feminino, e quando voltaram para o chalé onde estavam hospedados, fizeram amor. Foi a primeira vez de Rodrigo com um homem. A primeira vez como mulher.
O ato se repetiu na manhã seguinte e nos demais dias até o fim da viagem.
Rodrigo dizia a si mesmo que Carol não precisava saber sobre o sexo. Que logo destrocariam de corpos e ele tentaria esquecer o que havia feito. Esquecer os dias em que fora mulher… e feliz ao lado de Tony.
Mas a ideia de nunca mais sentir aquilo o deixava profundamente triste.
O que ele não sabia é que havia um problema: quando alguém fazia amor estando no corpo de outra pessoa, a troca de energias podia tornar a mudança permanente.
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