As pessoas tomam um susto quando me veem. Quando descobrem que esta sou eu.

Sempre fui o maior entre os irmãos, o maior da classe e o mais forte da academia. Lutei jiu-jítsu e virei bodybuilder porque as pessoas me incentivavam, dado o meu tamanho.
Diziam que eu tinha sorte na genética, mas, no fundo, eu não queria aquilo. O que desejava era o oposto.

Quando descobri que havia ganhado na loteria junto com alguns colegas, soube exatamente o que deveria fazer. Enquanto eles gastaram com carros, casas e barcos, eu me cadastrei em uma clínica de troca de corpos.
Na ficha, descrevi meu interesse em ter um corpo pequeno e... feminino. Quanto menor, melhor. Então, não acreditei quando recebi o contato de uma garota que sempre sonhou em ser grande e em ser um homem forte.

Quando nos vimos pessoalmente, tivemos certeza de que fecharíamos o negócio. Ela, olhando para cima, desejando ser a montanha que eu era. Eu, observando aquela figura pequena, frágil e delicada, soube que era exatamente o que procurava.
A partir daquele dia, tudo aconteceu muito rápido, e logo acordei na área de recuperação da clínica, já em meu novo corpo. Estou nas nuvens desde então.

As pessoas não têm mais medo de mim como antes, mas são simpáticas e protetoras. Continuo fazendo academia, mas agora levanto, no máximo, dez por cento do peso de antes.
Claro que existem algumas desvantagens, como quando preciso pegar algo no alto do armário e tenho de subir em uma escada. Ou por ter de trocar de carro, pois minha picape, mesmo com o banco todo para a frente, ainda ficava difícil de usar os pedais. Tive de comprar um carro compacto, mais adequado ao meu pequeno tamanho.

Mas isso são apenas detalhes. O que importa é que sou, finalmente, feliz como esta garota baixinha e linda.