terça-feira, 10 de junho de 2025


Quando o diagnóstico saiu, já era tarde. O médico disse que não havia mais chance de eu sobreviver. Busquei vários especialistas, depois todo tipo de tratamento alternativo, mas nenhum deles pôde me ajudar.

Até que uma curandeira do interior disse que havia uma opção:

— Filho, seu problema surgiu na coisa do homem.

— Sim, senhora. Começou com um câncer de próstata.

— Então, se eu tirar o homem, você sara. Não tem outro jeito.

Demorei para entender o que ela queria dizer, mas quando finalmente compreendi, soube o que estava propondo. Se eu me tornasse mulher, a raiz do problema desapareceria e eu estaria curado. Respondi que faria qualquer coisa para sobreviver.

Naquela noite, ela preparou uma poção, e assim que a tomei comecei a passar mal. Náuseas, vômitos, dores pelo corpo todo e delírios. Fiquei num quarto da casa dela, e de tempos em tempos ela vinha ver como eu estava. Me dava água e, de vez em quando, mais da tal poção, me forçando a tomar.

Dois dias se passaram, e na manhã do terceiro acordei me sentindo muito melhor. Ela abriu a janela, deixando o sol entrar, e disse:

— Tá se sentindo bem, filha?

Foi então que percebi que meu corpo estava totalmente diferente. Menor, mais delicado, cheio de curvas. Havia perdido algumas partes e ganhado outras. Eu era uma mulher.

Me sentia bem, como há muito tempo não me sentia. Além de não sentir mais dor, agora meu corpo era mais leve, flexível e cheio de energia. Descobri também que, graças aos novos hormônios femininos, as emoções — boas e ruins — agora eram mais intensas do que antes.

Mas eu precisava decidir o que faria dali pra frente. Tinha me transformado em outra pessoa, em outro sexo. Por isso, fiquei por algum tempo no sítio da curandeira, ajudando a senhora e refletindo sobre o que fazer.

Certa manhã, passeando pelas fazendas vizinhas, vi algo que me chamou a atenção: um homem jovem, forte, com o peito bronzeado à mostra, consertava uma cerca. Nunca senti nada por rapazes, mas algo estava diferente. Aquela visão me fascinou, e logo senti reações estranhas em meu corpo.

Ele me olhou, sorriu e disse "bom dia". Naquele momento, me arrepiei e respondi gaguejando, totalmente sem graça. Conversamos, e de repente — não sei o que deu em mim — o convidei para passar lá em casa mais tarde, para tomar um café comigo. Ele disse que adoraria.

Saí de lá com o coração acelerado e as pernas bambas. Algo dentro de mim também havia mudado. Não só minha aparência, mas meus pensamentos e emoções agora eram femininos. Corri para a casa da curandeira, e só conseguia pensar em colocar um dos vestidos que ela me arranjou e preparar o melhor café que conseguisse, para agradar o rapaz. Algo me dizia que eu acabaria ficando muito mais tempo naquele lugar do que havia planejado.

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