– Qual é o problema, Reinaldo? Por que está me olhando assim?
– Carlos... quer dizer, Carla... eu não achei que você voltaria ao trabalho tão cedo.
– Não tem problema. O médico me deu alta, e agora posso retomar minhas atividades normalmente.
– Não foi isso que eu quis dizer.
– Então o que é? Ah... é por eu ser mulher agora? Que bobagem! Tudo bem que a nova tecnologia praticamente refez meu corpo. Agora sou menor, mais fraca e delicada. Mas eu gosto de trabalhar na mecânica. É o que eu sei fazer, é o que me faz feliz.
– É que... sei lá... agora que você está assim... bonita desse jeito, eu imaginei que faria algo mais leve. Sabe como é, tem um monte de outras coisas que você poderia fazer, sem se sujar de graxa o dia todo.
– Sério? Tipo garçonete? Ou talvez dançar numa boate? Quem sabe arranjar um marido rico?
– Não foi isso que eu quis dizer, Carla. Só estou... preocupado com você.
– Eu sei, querido. Mas te garanto: estou bem assim. Se eu precisar levantar algo pesado ou soltar uma peça difícil, eu te chamo, tá bom?
– Tá bem... Ei, já que mencionou um marido... agora você é...
– Heterossexual? Sim. Antes eu era bissexual, mas agora, como mulher, sinto que os homens me atraem mais. Quanto a ser um cara rico... isso não importa. O que eu quero mesmo é alguém que seja atencioso, que goste de mim e se preocupe comigo. Entende?
– Claro que entendo. Por falar nisso... que tal jantar comigo esta noite?
– Eu e você? Como... um encontro?
– Puxa, desculpa... é que eu achei que...
– Claro que eu aceito!
Nenhum comentário:
Postar um comentário