Lucas atendeu à porta do quarto de hotel e deu de cara com uma desconhecida.

– Pois não?
– Lucas, sou eu, o Fernando!
– Fe... não acredito!

Lucas e Fernando eram colegas de trabalho, viajando a serviço da empresa. Estavam em Amsterdã, um dos poucos lugares onde as máquinas de troca de corpos eram legalizadas.
Fernando havia comentado no jantar, algumas horas antes, que queria experimentar a troca. Lucas disse que ele estava maluco e não levou a conversa a sério.

– Eu troquei, cara. Você não faz ideia de como isso é legal!
– Mas como você pôde fazer isso? E ainda por cima virar uma mulher?!
– E por que não? Já que é pra experimentar algo diferente, melhor que seja algo totalmente oposto. De qualquer forma, é só por vinte e quatro horas. Amanhã mando uma mensagem pro escritório dizendo que comi algo que não caiu bem, e vou ficar no hotel.
– Tá, mas o que vai fazer nesse tempo?
– Pra começar, vou pra balada. E pra isso, preciso de você.
– Precisa de mim pra quê?
– Bom, é que agora, como mulher, com esse corpo pequeno e delicado, me sinto muito inseguro. Então não quero ir sozinha. Preciso de um homem ao meu lado. Por favor, vem comigo.
– Tá bom. Me espera na recepção que eu vou me arrumar.
– Legal!
– Mas você paga a conta, ok?
– Puxa, achei que fosse mais cavalheiro. Mas tá legal, eu pago.