sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025



Meu nome é Reinaldo. Pelo menos era.

Naquela manhã, acordei sentindo algo diferente. Algo... estranho. Ao abrir os olhos, percebi que não estava em meu quarto. As paredes, os móveis, tudo era desconhecido. Foi quando me virei e vi uma garota loira e incrivelmente bonita me olhando com espanto. Meu coração disparou. Demorei alguns segundos para entender... aquela garota era eu.


Fiquei confuso, mas, aos poucos, as lembranças começaram a voltar. Eu estava no centro da cidade quando vi uma garotinha soltar a mão da mãe e correr para a rua, direto para a frente de um ônibus. Não pensei. Apenas agi. Me joguei na direção dela e a empurrei para a calçada, salvando sua vida. Mas eu não tive a mesma sorte. Senti o impacto. Depois, apenas escuridão.


Então veio a luz.


Uma presença—não lembro seu rosto—me disse que aquilo foi um erro. Eu não deveria ter morrido. Como compensação, me mandariam de volta, mas em um corpo diferente. O corpo de alguém cujo tempo já havia acabado. 


Agora eu estava ali, diante do espelho, observando cada curva e traço delicado da jovem que eu havia me tornado. Minha pele era lisa, meus cabelos longos e sedosos. Era impossível negar: eu era linda.


Desde a adolescência, eu era crossdresser, sempre sonhando com a sensação de ser, de fato, uma mulher. Fantasiei inúmeras vezes como seria viver assim, e agora... agora era real. Alguém, ou algo, sabia do meu desejo mais íntimo e o realizou.


Olhei ao redor do quarto. Havia fotos da garota em várias fases da vida. No balé, na praia com amigas, sorrindo com os pais. Em uma delas, um homem alto e bonito abraçava sua cintura.  Seria o namorado dela? Meu namorado agora?


A realidade bateu forte. Uma coisa era fantasiar. Outra era acordar e descobrir que eu havia me tornado aquela fantasia. Mas, para minha surpresa, o medo logo deu lugar à excitação. A verdade é que não era difícil se acostumar a ser jovem, bonita... e gostosa.


Peguei um documento sobre a escrivaninha e li o nome escrito ali. Giselle. Repeti em voz alta e gostei dele.


Eu tinha muito a aprender sobre essa nova vida, sobre quem eu era agora e, acima de tudo, sobre ser mulher. Mas eu me sentia grato., não apenas por uma segunda chance. mas porque, finalmente, meu maior desejo havia se tornado realidade.

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