-Não acredito que fizeram isso comigo!

Disse Welington ao sair do escritório com seus pertences, após ser demitido.  

Tudo começou na festa de final de ano da empresa, quando ele foi acusado por uma colega de assédio sexual. Na ocasião, Welington havia bebido demais e foi excessivamente direto em sua abordagem com a garota. O episódio chegou ao conhecimento do departamento de Recursos Humanos, que lhe apresentou duas opções: ser demitido por má conduta ou aceitar um tratamento em uma das novas clínicas da empresa e se tornar uma mulher por alguns meses.  

Relutante, mas preocupado em preservar o cargo e o ótimo salário, Welington escolheu a segunda alternativa, considerando que seria algo temporário. Na semana seguinte, ele compareceu à clínica. Quando saiu de lá, já não era o homem grande e confiante de antes, mas uma jovem baixinha e extremamente feminina. 

Os primeiros dias foram repletos de surpresas e situações inesperadas. Welington rapidamente percebeu como era tratado de maneira diferente por todos ao seu redor. Amigos próximos passaram a agir de forma estranha: alguns adotaram um tom mais formal, enquanto outros pareciam tentar impressioná-lo, como se quisessem conquistar sua simpatia — ou algo mais. Logo, ele se deu conta de que muitos deles estavam interessados em levá-lo para a cama, mesmo sabendo que, por trás do corpo cheio de curvas, ainda estava o mesmo colega.  

Aos poucos, Welington buscou refúgio entre as mulheres da empresa. Elas o apoiaram, deram dicas de comportamento e o ajudaram a se adaptar à nova realidade. Com o tempo, ele começou a se sentir mais confortável naquela condição.  

Mas sua tranquilidade foi abalada por uma notícia devastadora: a empresa anunciou cortes de gastos, e o cargo que ele ocupava foi extinto. Como se isso não bastasse, informaram que os recursos destinados à sua reversão haviam sido redirecionados. Sem o apoio financeiro da empresa, Welington não poderia pagar o tratamento para voltar a ser homem.  

Desolado, ele saiu da empresa com seus pertences, sem saber o que fazer a seguir. Agora, sem dinheiro, sem emprego e vivendo em um corpo que não reconhecia como seu, o futuro parecia uma incógnita assustadora.