— Bruno! É você?
— Sim, Caio, mas me chame de Luisa. Ninguém sabe que sou homem.
— Caraca! Quando me contou da ideia da sua esposa, de te fazer passar por mulher para pegar a vaga de secretária, eu não achei que era sério.
— Nem eu. Mas a nossa situação financeira estava complicada, a ponto de quase sermos despejados por não pagar o aluguel. Quando a Janaina me convenceu a fazer um teste, me produzindo como mulher, eu aceitei só para que ela desistisse ao ver quão ridículo eu ficaria. Mas acontece que fiquei melhor do que esperava.
— E ficou bem mesmo. Como é possível?
— Eu já estava bem magro e deixei de ir para a academia quando perdi o emprego. Ela me fez tomar diuréticos que secaram ainda mais o que sobrou da gordura. Depois, me fez colocar extensões nos cabelos e fazer procedimentos estéticos no rosto. Com a maquiagem, a cinta e os enchimentos, pude facilmente me passar por uma garota na entrevista.
— Mas e quanto aos documentos?
— A prima da Janaina foi morar na Alemanha há alguns anos, e o documento dela que ficou tinha uma foto bem ruim, mas que parece um pouco comigo. Ninguém notou e pude assumir a identidade dela.
— Entendi. Nossa, é estranho ver um amigo de tantos anos agora como mulher, mas estou feliz que tenha resolvido o seu problema de emprego, ao menos por enquanto.
Os meses passaram e Bruno foi se acostumando a viver como mulher. Usar a cinta todos os dias era uma tortura, e os enchimentos o faziam cozinhar no calor do verão. Então, ele passou a tomar hormônios, e logo não precisava mais dessas coisas, pois ganhou curvas femininas de verdade.
Tempos depois, Caio encontrou com ele, que estava usando um vestido leve de verão com um generoso decote.
— Bru... Luisa, esses enchimentos são mesmo perfeitos. Parece até que tem seios de verdade.
— Mas eles são de verdade. Lembra quando saí de licença médica tempos atrás? Na verdade, era para colocar implantes.
— Mas como assim?
— Eu não te contei nada, mas descobri que gosto de ser mulher. Gosto muito. Estou em tratamento hormonal há um tempo, e tudo o que está vendo é natural hoje.
— Você está me dizendo que virou transexual? Não é possível! E a sua esposa, o que acha disso?
— Ela gostou. A Janaina é bissexual, e quando os hormônios me deixaram impotente, passamos a dividir os mesmos “brinquedos”. Nossa vida sexual é bem mais ativa hoje em dia.
— Puxa, que bom que o seu casamento não foi abalado pela sua mudança.
— Bem, na verdade, não é mais um casamento. Hoje em dia temos um relacionamento mais como amigas. Ambas saímos com outras pessoas, mas precisamente homens.
— Mesmo? Nossa! Olha, se você estiver a fim, a gente poderia sair na sexta, tomar algo.
— Sério, Caio?!
— Desculpe, foi besteira minha achar que...
— Não! Eu estava querendo isso há tempo. Vou adorar sair com você!
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