— E então, Rogério? Não acha que foi uma boa ideia finalmente sair de casa?

— Sim, Erica. Admito que este passeio está sendo bem melhor do que eu imaginava. Pensei que as pessoas me tratariam de forma estranha, mas isso não aconteceu. Na verdade, estão me tratando até bem demais.

— Claro. Com as roupas que te dei, você parece uma garotinha como qualquer outra. As pessoas geralmente tratam as meninas com educação e carinho. Pena que levou seis meses para concordar em sair de casa, depois do acidente no laboratório.

— Sim. Mas não é fácil para mim, sendo um homem de 38 anos, de repente ter o corpo de uma garotinha. Você é minha esposa, mas parece mais uma irmã mais velha.

— Nem posso imaginar. Mas agora você precisa superar isso e aceitar sua nova realidade. Aliás, tenho te chamado de Rô quando estamos com outras pessoas para não parecer estranho. Quer que eu te chame de Rogéria?

— Hm... Rogéria é esquisito. Acho que prefiro Rosely.

— Tá bom, Rosely! Que tal irmos comprar um belo vestido para hoje à noite?

— Hoje... Você não estava falando sério quando aceitou o convite para a festa, estava? Nem conhecemos aquele homem.

— Vamos sim. Ele foi simpático e ainda te pagou o sorvete.

— Mas... mas...

— Nada disso, Rosely. Se vai aceitar a nova vida, tem que se jogar de cabeça.

— Tá bem.