— Mauro? É você?
— Sim. Sou eu mesmo, Ricardo.
— Mas... como você se sente?
— Estou bem, tirando o fato de que agora sou mulher!
A guerra estava se estendendo, e o inimigo resolveu usar uma arma biológica secreta: um vírus que mata todos os homens, mas preserva as mulheres. Isso se alinhava com a estratégia de dominar o país inimigo e, logo depois, repovoá-lo.
Uma vez contraído o vírus, não havia cura, então os médicos do exército criaram uma solução radical: usar nanotecnologia para transformar os soldados em mulheres, tornando-os automaticamente imunes ao vírus. O batalhão em que Ricardo e Mauro estavam seria o primeiro a passar pelo procedimento, e a cada dia grupos de dez soldados eram transformados em mulheres. Por sorteio, Mauro estava no primeiro grupo.
— E você, Ricardo? Quando vai ser a sua vez?
— A minha é amanhã, mas estou com medo, cara. Não queria ser mulher.
— Entendo, pois eu também não queria. Mas, entre isso e morrer, a gente não tem muita escolha, né?
— Bem, vendo por esse lado...
— Além do mais, a gente não sente nada. E quer saber? Eu me sinto a mesma pessoa de antes, só que um pouco diferente. Mas não é assim tão ruim. Você vai ver.
— Certo. Mas e quando a guerra acabar? Vamos continuar como mulheres.
— Sim. Mas isso será o de menos. Se perdermos, vamos virar escravas sexuais do inimigo e teremos que ter um bebê atrás do outro. Então, TEMOS de ganhar e depois aprenderemos a viver como mulheres, mas mulheres livres.
— Tem razão. Olha, sabe que você ficou uma mulher bem bonita?
— Acha mesmo? Obrigado. Acho que você também vai ficar bem. Pensando bem, eu gosto de mulher e você também. Quem sabe depois da sua mudança a gente não pode... se divertir um pouco?
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