Adalto foi até o jardim de sua nova mansão e, para sua surpresa, encontrou uma estranha garota fumando, sentada de um jeito bem despojado.
Pensou se ela estaria na festa que fizera na noite anterior e teria ficado por ali em vez de ir embora. Mas havia algo nela... estranho. Familiar.
— O que faz aqui, menina? — perguntou ele.
— Menina? Bem, acho que agora é isso que pareço, não é mesmo, Adalto?
— Eu te conheço?
— Sim. Eu sou a pessoa que, por sua causa, deveria estar agora cumprindo pena num presídio, enquanto você gasta o dinheiro do golpe com carros, casas, festas e mulheres.
— Como sabe dessas coisas? Quem é você?
— Sou eu, o Pedro. Na verdade, agora meu nome é Marcela. Mas ainda sou a pessoa à qual você deve muito.
— Mas isso é impossível. O Pedro está morto!
— De certo modo, sim. O corpo está. Veja, quando você me deixou como "boi de piranha" para ser pego pela polícia, levei um tiro na barriga. Acabei encontrando um médico que me salvou. Ele me contou que era cientista, mas teve seu registro cassado por tentar práticas proibidas. Sabendo da minha situação, me ofereceu uma saída: transplantar meu cérebro para outro corpo — o de alguém que havia falecido recentemente. Aceitei. Só descobri que o corpo era feminino quando acordei da cirurgia.
— Isso é... incrível! Mas o que fez, então?
— Tive que me virar. Fui garçonete, recepcionista, e fiz várias outras coisas que prefiro nem mencionar. Mas sobrevivi. E agora, finalmente, te encontrei, Adalto.
— Mas... o que você quer?
— Só o que é meu. Metade do dinheiro. Ou te entrego para a polícia, e então vai dizer adeus à sua nova identidade... e à sua liberdade.
— Bem... vou precisar de alguns dias para isso.
— Claro. Por ora, vou apenas levar a Porsche nova que está na frente da casa.
— Minha Porsche? Mas você nem curte carro esportivo!
— Eu não. Mas o meu namorado adora. Vai ser um presente pra ele.
— Namorado?
— Sim. Agora me entregue a chave e os documentos do carro. Estou indo. E daqui a uma semana, apareço para pegar a minha grana.
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