— Patrícia, meu amor! Você finalmente acordou. Como se sente?
— Eu... estou bem. Meio confusa, quero dizer, confusa.
— Sim. O Dr. Edgar disse que você ficará assim por um tempo, e que não vai se lembrar de muita coisa. Mas não se preocupe, logo te levarei para casa, e lá te ajudarei a se lembrar de tudo.
— Que bom, querido. Não vejo a hora.
O que o marido não sabia é que, na verdade, aquela não era mais sua esposa. Pelo menos, não por dentro.
Havia ocorrido um acidente, e Patrícia sofrera morte cerebral. O Dr. Edgar, o médico responsável por ela, fazia parte de um projeto secreto de transplante de cérebros — e viu naquela situação a oportunidade perfeita para o primeiro teste em um ser humano. Só precisava de um doador.
Foi então que se lembrou de Ricardo, um velho amigo. Certa vez, depois de beber demais, Ricardo confessara que gostava de se vestir de mulher quando estava sozinho em casa — e que, no fundo, sonhava em ser uma delas.
Quando o médico lhe fez a proposta, Ricardo pensou que fosse uma brincadeira. Mas, ao perceber que era algo sério — e ao conhecer aquele que poderia ser seu novo corpo —, ele aceitou.
Agora estava prestes a ir para sua nova casa, com seu novo corpo... e seu novo marido. A desculpa da perda de memória era perfeita: permitiria que aprendesse aos poucos a agir como Patrícia.
— Amor, você está chorando! Está sentindo dor? Quer que eu chame o médico?
— Não! Estou chorando de felicidade. Minha vida não poderia ser mais perfeita!
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