-Jorge, o que está fazendo?
-Nada de mais André. Todos sabem que o carinho do pai é importante desde a gravidez.
-Pode ser, mas quando eu concordei em ser transferido para o corpo de sua esposa grávida foi para salvar o bebê, não para assumir o lugar dela.
-Eu sei e sou muito grato por isso. Se não fosse por você além de viúvo eu perderia meu filho no acidente. Mas até o parto vamos ter de fazer tudo direitinho, pelo bem do bebê.
-Tá certo. Não vejo a hora dele nascer e isto acabar, então poderei voltar para o meu corpo.
-É tão ruim ser a Márcia?
-Não mas é estranho se ver como outra pessoa, ainda mais de outro sexo. Só devo admitir que sentir uma vida dentro da gente é fascinante.
-Imagino. Só é difícil ficar me lembrando que é meu amigo André aí dentro, e não a minha mulher. Posso continuar acariciando sua barriga? É para o bem da criança.
-Bem, pode.
-Obrigado... Está bom assim?
-Sim. Até que é bem gostoso.
-Ai Jorge! Tem certeza de que isto faz bem para a criança?
-Claro André, o médico recomenda. Acha que eu mentiria para meu melhor amigo?
-Acho que não
-Mas se estiver ruim para você podemos parar.
-NÃO... quero dizer, podemos continuar... pelo bem do bebê, é claro...
André não sabia, mas Jorge já havia sabotado o equipamento que mantinha seu antigo corpo vivo. Além de garantir que seu filho teria uma mãe, Jorge havia se apaixonado mais ainda pela esposa, agora com a mente de seu amigo nela. Se plano agora era fazer com que André também se apaixonasse por ele, ou ao menos gostasse de ser mulher até o dia do parto.
Pelo que podia perceber, seu plano estava dando certo.
